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CONFISSÕES DE AGOSTINHO
CAPÍTULO I. O gosto do amor
Cheguei a Cartago, e por toda parte fervilhava a sertã de amores
impuros. Ainda não amava, mas já gostava de amar; secretamente
sedento, aborrecia a mim próprio por não me...
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CONFISSÕES DE AGOSTINHO
CAPÍTULO I. O gosto do amor
Cheguei a Cartago, e por toda parte fervilhava a sertã de amores
impuros. Ainda não amava, mas já gostava de amar; secretamente
sedento, aborrecia a mim próprio por não me sentir mais indigente de
amor. Gostando do amor buscava o que amar, e odiava a segurança e
os meus caminhos sem perigos, porque tinha dentro de mim fonte de
alimento interior, de ti mesmo, ó meu Deus. Eu não sentia essa fonte
como tal; antes, estava sem apetite algum dos manjares
incorruptíveis, não porque estivesse saciado deles, mas porque,
quantomaisvazio,tanto maisenfastiadomesentia.
E por isso minha alma não estava bem e, ferida, voltava-se para fora de si, ávida de se
roçar miseravelmente às coisas sensíveis; se porém não tivessem alma, não seriam
certamenteamadas.
Amar e ser amado era para mim a coisa mais doce, sobretudo se podia gozar do corpo da
criatura amada. Deste modo manchava com torpe concupiscência a fonte da amizade, e
o
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